Cultivo da fava

Cultivo e sementeira da fava
A faveira (Vicia faba) pertence à família das leguminosas e têm origem no Médio Oriente e chegou a Portugal pelo Norte de África. É uma hortícola anual herbácea, com porte ereto e pouco ramificado. Os caules são quadrangulares, fortes e parcialmente ocos, podendo atingir 120 cm de altura. Possui um sistema radicular aprumado e profundo..

A faveira floresce em dias curtos, exibe flores brancas, com pontos negros purpura e surgem agrupadas nos ramos laterais.
A fecundação das flores é cruzada, é feita principalmente por abelhas.
Os frutos consistem numa vagem aplanada, com 5 a 40 centímetros, dependendo da variedade, cada uma pode conter de 2 a 12 grãos.

Tal como as outras leguminosas a faveira estabelece uma relação simbiótica com o rizóbio, as suas raízes albergam estas bactérias capazes de fixar o azoto do ar e reduzem-no em formas mais assimiláveis pela planta. Esta simbiose também permite que a faveira possa ser utilizada como um adubo verde.

Condições favoráveis à cultura da fava


As favas adaptam-se a variados tipos de solos, mas prefere solos profundos com textura média, ricos em matéria orgânica e boa capacidade de retenção de líquidos. O pH ideal situa-se entre os 5,5 e 7,5. Têm tolerância moderada à salinidade e à acidez. Não convém cultivar favas no mesmo local por mais de dois anos seguidos.

Aprecia uma exposição solar direta, pelo menos algumas horas por dia. A fava gosta de frio, tolera temperaturas de 0ºC e geadas ligeiras. As temperaturas baixas extremas, podem queimar  a flor e parte da vegetação superficial.

É importante manter o terreno livre de ervas daninha, elas entram em competição com as faveiras , pelo nutrientes e pela água. As sachas e a amontoa devem ser realizadas na fase inicial da cultura, além de removerem as infestantes, permitem aliviar a compactação do solo e potenciar a circulação de ar pelas raízes.

Sementeira da fava


Em zonas temperadas a sementeira é feita no Outono, em zonas frias é recomendado esperar o fim do Inverno.
A densidade da sementeira ronda os 200 kg por ha, a semente deve ficar enterrada à profundidade de 3 a 5 centímetros, as linhas devem ser distanciadas 40 centímetros e 15 a 20 cm entre plantas.

A rega só deve acontecer se não chover, na falta de chuva tenha o cuidado de manter a terra ligeiramente húmida. A faveira resiste ao encharcamento temporário, em contra partida ela também se adapta a situações de seca, quando sofre de deficit hídrico ela acelera o ciclo cultural.

Pragas e doenças da fava 


Os afídeos (Aphis sp.) são a praga mais importante, principalmente durante a fase de floração, surgem com o tempo seco e quente.
As favas são frequentemente atacadas pelo pulgão negro, ele investe nas partes mais jovens e tenras das plantas, suga a seiva, atrofia-a a planta e pára a prolongação da parte vegetativa. Para evitar esta situação recorre-se à desponta, cortando as pontas dos ramos acima da penúltima flor. Este procedimento além de reduzir o ataque de afídeos, também canaliza a energia da planta para a formação de vagens fortes.
No modo ecológico poderá pulverizar a planta com uma infusão de urtiga, ou com calda de sabão
➢ Calda de sabão inseticida
➢ Preparação do chorume de urtiga)

Em épocas húmidas e chuvosas, podem aparecer doenças fúngicas como ferrugem, míldio, oídio e botriites. Em pequenas hortas poderá controlá-las com calda  de cavalinha ou com bicarbonato de sódio.
➢ Calda de cavalinha contra doenças fúngicas e insectos
➢ Fungicida natural de bicarbonato de sódio

Colheita da fava


A colheita das vagens faz-se no decorrer do mês de Abril até Maio, geralmente dá-se 85 a 240 dias após a sementeira, conforme a época de sementeira e as condições climáticas do local e a variedade. As vagens são colhidas quando se apresentam bem desenvolvidas e antes que o filamento lateral fique negro (chamado de unha negra), a melhor maneira é fazer uma colheita escalonada, à medida que as vagens enchem. Em Portugal existe um ditado popular que diz: "Maio as dá, Maio as leva".

Quando a finalidade é colher semente, deve-se deixar concluir o processo de maturação e esperar que a vagem seque. A recolha da vagem deve ser realizada pela manhã, de modo a facilitar o procedimento e evitar que elas se abram e libertem os grãos. Depois de colhidas e devidamente secas, as sementes devem ser guardadas em local escuro e seco até à data da próxima sementeira. Evite o ataque do gorgulho, levando a semente de fava à arca congeladora por uns dias, no minimo 48 horas, depois retire-a e guarde-a normalmente. A semente de fava com mais de ano, começa a perder capacidades germinativas.

As favas prestam-se à congelação assim como ao consumo em fresco. Apesar da principal finalidade do cultivo da faveira ser para a produção da sementes, as pontas da planta e as vagens pequenas e tenras também podem ser cozinhadas e consumidas como o feijão verde. Das favas secas, também se faz farinha que pode servir para fazer pão.

As variedades de favas mais cultivadas


Aqualduce: uma das variedades com maior produtividade, temporã, de vagem comprida com aproximadamente 35 a 40 cm, contendo 10 a 12 grãos.
➢ Algarvia:  temporã, rustica e resistente, de vagem larga e curta.
➢ Algarvia roxa: extremamente precoce e muito produtiva, vagem de tamanho moderado, grão grande e de cor roxo quase negro.
➢ Muchamiel:  precoce de alta produtividade, produz vagens de aproximadamente 20-22 cm de comprimento, com 6 a 7 grãos rugosos, muito saborosos e suculentos
➢ Fava de Sevilha: variedade muito precoce e produtiva, com vagens de 25 cm agrupadas aos pares.
➢ A assária: muito produtiva com numerosos afilhamentos, vagens medianas com 6 a 8 sementes.

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